Orgasmo vaginal e orgasmo clitoriano — Qual a diferença?

Falemos sobre os diferentes tipos de orgasmo: através do clitóris, da vagina, da vulva em geral e do útero. Logo nesta lista de partes anatómicas surge uma questão: é possível ter um orgasmo vaginal ou apenas através do clitóris? Que outras partes do corpo podem levar a mulher a ter um orgasmo? No artigo de hoje, exploramos a diferença entre o orgasmo vaginal e clitoriano e entendemos o papel de diferentes órgãos e partes do corpo na obtenção de orgasmos. 

O papel da vagina e do clítoris no orgasmo

Comecemos pelo princípio. Primeiro que tudo, é essencial entender e distinguir anatomicamente e em termos funcionais o clítoris da vagina.

O clítoris, ou clitóris, é um órgão estimulador do orgasmo localizado ao nível da vulva, abaixo do monte de Vénus que assenta na sínfise púbica e nos ramos isquiopúbicos da pélvis. O clítoris tem apenas uma simples função: é o órgão responsável pelo orgasmo. 

A vagina (cujo papel é permitir a cópula, facilitar a chegada dos espermatozoides ao óvulo maduro através do útero e das trompas e permitir a passagem do fluxo menstrual e do feto durante o parto) também possui uma grande quantidade de terminações nervosas e pode mesmo levar ao orgasmo, embora essa não seja a sua principal função. A área do períneo e do ânus também é muito inervada. 

Todos os orgasmos são clitorianos? Nem por isso 

Até há alguns anos, os tipos de orgasmo feminino no mundo científico eram... apenas um, o orgasmo clitoriano. Como o clitóris tem uma forma especial que abraça a vagina, mesmo os orgasmos percebidos como internos (e portanto vaginais) eram considerados clitorianos. 

Porém, alguém lembrou que a vagina tem 7 cm de comprimento em repouso e que o clitóris só está em contacto com os primeiros centímetros à entrada. Aí, a comunidade científica interrogou-se de novo, dada a alta complexidade anatómica e funcional e sobre a qual atua não só a fisiologia, mas também a psique do sujeito.

Continuou-se a pesquisar e a estudar anatomia e fisiologia. Também perguntamos diretamente às pessoas interessadas: mulheres e pessoas com clítoris, vulva e vagina. As respostas foram muito interessantes: algumas pessoas relataram sentir orgasmos internos profundos sem necessidade de estimulação clitoriana simultânea, diferentes dos orgasmos clitorianos em intensidade e duração. Esta pesquisa permitiu à comunidade científica concluir que sim, os orgasmos vaginais existem mesmo!

Outros pontos erógenos 

Algumas entrevistadas partilharam outras experiências: alguns atingiram o pico do prazer apenas com a estimulação dos mamilos ou com sexo anal, muito longe da zona do clitóris. Algumas encontraram sensações extremamente prazerossa na parede frontal da vagina, perto da bexiga, com objectos como brinquedos sexuais, os dedos dobrados para cima ou em posições específicas em que o pénis tocava nessa mesma zona.

Então os orgasmos vaginais e os orgasmos clitorianos existem? Sim, e há também muitos outros, embora varie de pessoa para pessoa. Algumas experimentam ambos ou mais de dois, outras apenas um (normalmente o clitoriano), outras nenhum (e se isso não te incomoda, tudo bem). As características dos orgasmos serão diferentes, mas normalmente quem tem dois ou mais orgasmos de tipos diferentes também os descreve de forma distintase.

Diferenças entre orgasmo vaginal e clitoriano

  • Localização: O orgasmo clitoriano é desencadeado pela estimulação direta ou indireta do clitóris. O orgasmo vaginal é atingido através de estimulação interna do canal vaginal.
  • Sensações físicas: O orgasmo clitoriano é uma sensação de prazer localizado e intenso. Já o orgasmo vaginal pode envolver sensações mais profundas, duradouras e que se espalham pelo corpo.
  • Estimulação necessária: O clítoris, para a maioria das mulheres, tende a ser fundamental para obter um orgasmo, embora algumas sintam orgasmos profundos sem necessidade de estimulação clitoriana.

A importância do autoconhecimento

Conhecimento é sempre o caminho. Sobre ti, sobre o que gostas e sobre o teu corpo.  Depois, com calma e sem pressas, explora! Explora o teu corpo, diferentes zonas erógenas e vários tipos de masturbação, essenciais para aprofundar o que conheces sobre a tua própria sensibilidade e preferências de onde e como tocar.

Se sentires que estás tensa, tenta perceber a razão e lembra-te que podes sempre recorrer a profissionais na área psicológica/sexológica e física do pavimento pélvico. Fala também sobre o assunto no teu grupo de amizades e/ou com o teu parceiro: ter a liberdade de se expressar e falar sobre o assunto é meio caminho andado. E façam muitos preliminares: quanto mais melhor! 

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