Ansiedade de desempenho masculina — desconstruir crenças

A ansiedade de desempenho sexual afeta tanto homens quanto mulheres. Mas vamos focar-nos exclusivamente na ansiedade masculina. Estereótipos, falsas crenças e falta de educação sexual podem estar entre as principais causas da ansiedade de desempenho no homem.

Ansiedade e sexualidade não combinam

Todas as pessoas podem experienciar ansiedade de desempenho durante a intimidade com outras pessoas, mas há uma atenção particular sobre os homens cisgénero quando se fala deste tópico. As razões para esta atenção entrelaçam-se com os estereótipos que são incutidos na nossa sociedade.

Estereótipos e ansiedade de desempenho

É muito comum encarar a sexualidade como uma performance, mesmo que de forma inconsciente. Esta mentalidade enquadra-se em alguns estereótipos de masculinidade tóxica que definem como um homem deve comportar-se na cama, quais devem ser as dimensões do seu pénis, quanto tempo deve conseguir manter a ereção antes da ejaculação, entre outros.

A inexistência de espaços seguros para discutir este assunto, sem julgamentos sobre educação sexual ou comparações com os outros, contribui para o desenvolvimento de crenças disfuncionais sobre a ligação entre masculinidade e desempenho sexual. Além disso, em certas ocasiões, os parceiros reforçam essas ideias, o que aumenta a probabilidade de se viver a intimidade com ainda mais ansiedade.

Quais são estas crenças disfuncionais?

1. Ereção é algo mecânico e instantâneo

Muitos acreditam erroneamente que a ereção é puramente mecânica e desligada do contexto emocional e cognitivo. Isto acontece devido a uma narrativa errada, ou seja, que os homens devem estar sempre prontos, ágeis, desejosos, excitados, como se fosse a sua natureza mais intrínseca. Se isso não acontecer, é como se estivessem a falhar na sua própria natureza e, por isso, sentem-se, ou são considerados, "menos homens". A ansiedade em relação à perda da ereção pode desencadear um círculo vicioso, o que aumenta a produção da hormona do stress e afeta o fluxo sanguíneo necessário para manter a ereção.

2. Penetração é a única maneira de obter prazer

Outra ideia disfuncional está relacionada com o facto de o sexo só poder ser definido como tal se envolver penetração. Para além da óbvia concentração na zona genital como único espaço de prazer, isto está relacionado com outra crença não totalmente correta, nomeadamente a de que — nas relações sexuais heterossexuais — as mulheres só podem ficar satisfeitas e atingir o orgasmo se houver penetração. Na realidade, as percentagens dizem-nos que, em média, as mulheres sentem mais prazer ao receberem estímulos externos, ou seja, na zona do clítoris, do que no ato da penetração.

3. Só o orgasmo da parceira é que me valida como homem

Em muitas relações heterossexuais cisgénero, cruzam-se três elementos:

  • a falta de conhecimento do corpo feminino e do seu funcionamento;
  • a falta de comunicação sobre sexo;
  • a necessidade masculina de reforçar o seu próprio ego e virilidade através do prazer da outra pessoa.

Esta combinação pode gerar uma "obstinação erótica" na procura do orgasmo da mulher, colocando assim em primeiro lugar esse "feedback", que pode tornar-se uma confirmação das capacidades de desempenho. Isto gera alguns problemas: a concentração no orgasmo em vez de na totalidade do momento pode ser contraproducente, para além do facto de o pensamento estar claramente centrado na tentativa de ter um bom desempenho, em vez da espontaneidade e do prazer do encontro.

Lutar contra a ansiedade de desempenho

Para além de se desafiar estereótipos, promover uma educação sexual adequada e criar espaços seguros de comunicação, deveríamos também ter em consideração:



Artigo de Dania Piras - Especialista em Sexualidade Típica e Atípica

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