Sexualidade e deficiência — é possível ou mito?

A sexualidade e a deficiência nem sempre estão associadas aos olhos da sociedade. Quando se passa a vida sobre duas rodas ou se é percebido como diferente, a curiosidade leva as pessoas a fazerem perguntas que ninguém sonharia em fazer a alguém considerado como ‘normal’.

Um pouco como os mitos e as lendas, os pontos de interrogação sobre o sexo entre pessoas com deficiência surgem com muita facilidade: "é possível?", "é verdade?", "como é que eles o fazem?".

E, no entanto, embora as pessoas tenham curiosidade sobre os assuntos íntimos das pessoas com deficiência e façam perguntas como se estivessem a falar de algo fora deste planeta, muitas vezes perdem a coragem quando são confrontadas com respostas. Porque, como se sabe, quando se entra na esfera erótica das pessoas com deficiência, é frequente fazê-lo armado de preconceitos. É um lugar cheio de clichés e de mitos a desfazer.

Mitos sobre sexualidade e deficiência

1. As pessoas com deficiência são assexuadas 

A assexualidade é uma orientação sexual válida como as outras. Por este motivo, esta associação deve ser evitada quando se fala da vida sexual de pessoas com deficiência física.

2. As pessoas com deficiência são incapazes de ter relações sexuais

Existe menos mobilidade quando existe deficiência física, mas é perfeitamente possível fazer relações sexuais recorrendo a diversas posições. 

3. Os homens em cadeira de rodas não têm ereção

A maioria dos homens com lesão na medula espinal conseguem ter ereção, dependendo do nível da lesão. Nota para o facto de que quando um sentido é afetado todos os outros ficam mais apurados. Além disso, imagens, sabores, sons e outros estímulos também despertam o erotismo.

4. A deficiência impede o orgasmo

As pessoas com deficiência podem ter menos sensibilidade do que as outras, mas não deixam de ter ereção e de atingir o orgasmo, embora seja com menos sensibilidade. Os brinquedos sexuais, como os vibradores, podem ser excelentes soluções para amplificar a estimulação e a sensação de prazer.

Sexualidade da pessoa com deficiência

A primeira vez

Numa primeira vez podem sempre acontecer coisas estranhas, como a roupa ficar presa nos raios da cadeira de rodas ou emaranhada nas próteses. O embaraço característico de uma primeira vez aliado a alguns movimentos desajeitados e a inconvenientes que surjam pode levar a muitas gargalhadas. O importante é lembrar que isso também faz parte da diversão.

Sexo casual

Neste caso, as hipóteses do anunciado desastre existem, mas não são certamente iguais às da primeira vez. Pelo contrário, se se for atento e tiver uma boa dose de savoir-faire pode sair-se muito bem. Aqui, é provável que tenha de se pôr o parceiro à vontade. Uma vez que a outra pessoa pode entrar em pânico com medo de fazer algo errado, relembrar que o bom senso é sempre o melhor conselheiro.

Sexo numa relação

No fim de contas, quer seja a solo, a dois ou a mais, a única coisa que realmente vale a pena saber é que o sexo é um dos prazeres da vida. E apesar de as pessoas com deficiência serem por vezes encaradas como algo nunca antes visto, têm todo o direito de fazer amor como toda a gente.

Posições sexuais para pessoas com deficiência

A sexualidade é para todos. Sim, para quem está numa cadeira de rodas e com deficiência física também! Aqui ficam sugestões de posições sexuais aconselhadas para pessoas com dificuldades de mobilidade. 

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  • Sentado na cadeira de rodas com o parceiro a movimentar-se;
  • Deitados de lado, sem a necessidade de um estar por cima do outro;
  • Não esquecer o sexo oral.

Existem também almofadas para tornar o momento mais confortável e cadeiras especialmente desenhadas para pessoas com deficiência.

Acima de tudo, devemos todos ter em consideração que as pessoas com deficiência gostam de fazer sexo, como toda a gente. Celebremos como nós somos e vamos experienciar tudo aquilo que queremos. Explorar o prazer é para todos!


Artigo de Marina Cuollo - Escritora

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